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Outubro é o mês das crianças. Por isso, hoje, vamos falar quais são as principais doenças cardíacas infantis, os sintomas e complicações mais comuns, além de apresentar algumas estratégias de prevenção e tratamento. Para muitas pessoas, inclusive os pais, é até difícil imaginar o acometimento de doenças cardiovasculares nos pequenos.
Por ano, segundo o Ministério da Saúde, cerca de 30 mil crianças nascem com cardiopatia congênita no Brasil e aproximadamente 40% vão necessitar de cirurgia ainda no primeiro ano, o que representa 12 mil pacientes. É um número assustador, especialmente para os pais, já que qualquer indício de problemas cardíacos nos seus filhos causa preocupação e desconhecimento sobre o assunto.
De acordo com o cardiologista do Instituto do Coração de Taguatinga (ICTCor), Renato David da Silva, os problemas de coração em crianças podem ser detectados desde a décima oitava e décima nona semana de gestação e em alguns outros casos desde a décima terceira. O médico ressalta, também, a questão da cardiopatia congênita, que é uma formação incompleta do coração e do sistema circulatório, que pode ocorrer nas primeiras oito semanas de gestação, fase do desenvolvimento embrionário cardíaco.
Com a complexidade do sistema cardiocirculatório, as alterações podem ser as mais diversas, pois podem se dar pela formação errática ou mesmo no desenvolvimento de cavidades do coração ou problemas nas válvulas, veias e artérias relacionadas com o coração. “Hoje em dia, com toda tecnologia existente, os pediatras conseguem detectar os sintomas e sinais de problemas de origem cardiovascular. Com estas novas possibilidades pode-se reconhecer, de maneira exata, a presença de determinadas enfermidades que dificultam as funções do coração, das artérias, e outros componentes do aparelho cardiovascular de uma criança“, conta o especialista do ICTCor.
De acordo com o cardiologista, é importante levar em consideração que, durante os primeiros dias de vida da criança, se desencadeiam as mudanças mais importantes no aparelho cardiovascular. É nesse período que ocorre a circulação uterina à vida fora do ventre materno.
Por isso, é importante conhecer e seguir essas transformações por meio de exames complementares, que incluem a medida do peso, altura, idade gestacional, a forma da alimentação do bebê, a respiração, o nível de atividade física, a presença de dores ou dificuldades articulares, o diagnóstico dos antecedentes hereditários, assim como as características da saúde da mãe durante os meses da gravidez.
Quais as doenças cardiovasculares mais comuns entre as crianças?
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), as cardiopatias congênitas ainda são as mais recorrentes entre as crianças. Estima-se que cerca de 130 milhões de crianças tenham algum tipo de cardiopatia congênita.
De acordo com o cardiologista intervencionista do Instituto do Coração de Taguatinga (ICTCor), Ernesto Osterne, as doenças são divididas em cianóticas e acianóticas. Assim como nos demais tipos de doenças cardíacas, há diferentes graus de comprometimento e diferentes tipos de tratamento, procedimentos e cirurgias. Para descobrir se um bebê já desenvolve o problema, o diagnóstico é feito por um ecocardiograma transtorácico, com doppler colorido, preferencialmente por um médico especializado em patologias congênitas.
Cardiopatias acianóticas são consideradas as mais frequentes, e os sintomas são caracterizados por casos de pneumonia recorrente e cansaço fácil. Nesse caso, as malformações geralmente podem ser na comunicação entre os átrios (CIA), na persistência do canal arterial (PCA), na comunicação entre os ventrículos (CIV) ou coarctação da aorta (CoAo), que nessa situação também apresentará hipertensão arterial como um indício.
Já as cardiopatias cianóticas são caracterizadas pela presença da coloração azul-arroxeada na pele, mucosas ou unhas. Nas cardiopatias cianóticas é comum que aconteça uma mistura de sangue, entre o rico em oxigênio e o rico em gás carbônico, bem como alterações nos fluxos sanguíneos, ocasionando essa carência em oxigênio na corrente sanguínea, que resulta na cianose. As cardiopatias cianóticas apresentam uma grande incidência de casos mais simples, sem muitas complicações. Entretanto, em casos mais graves, pode ser necessário que se faça um transplante de coração.
Quais fatores podem desencadear a cardiopatia congênita?
De acordo com o Dr. Ernesto, não há um fator específico associado ao desenvolvimento de uma cardiopatia congênita. Existem fatores que aumentam a chance de problemas no desenvolvimento cardíaco no feto durante as oito primeiras semanas de gestação, e estão ligados a doenças crônicas maternas, como diabetes mellitus e lúpus eritematoso sistêmico, assim como a infecção por rubéola. Também medicações como o lítio, certos anticonvulsivantes e mesmo drogas ilícitas podem levar a mal formação.
Também são considerados fatores de risco a gravidez gemelar e a fertilização in vitro. Além dessas condições, histórico de cardiopatia congênita prévia ou em parentes de primeiro grau, também se mostram como fatores para maior incidência de alterações cardíacas nos bebês.
Para o especialista, qualquer doença cardíaca que seja diagnosticada mais tardiamente, e não tenha relação com o desenvolvimento embrionário do coração, recebe o nome de cardiopatia adquirida.
Quais os tratamentos?
Os sintomas podem ser divididos de acordo com a manifestação da doença no bebê:
Para o tratamento pode não haver a necessidade de intervenção cirúrgica, ou em alguns casos ser necessário de três ou mais cirurgias para correção dos fluxos sanguíneos do paciente. Além disso, há possibilidade de as cirurgias serem curativas, ou seja, estabelecerem o sistema cardíaco habitual, levando a cura do indivíduo, ou paliativas.
Agora que você já sabe que as doenças cardíacas infantis são uma realidade no Brasil e podem ser prevenidas com o diagnóstico precoce, compartilhe esse conteúdo para que mais pessoas saibam como identificar e tratar essas doenças.
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