Dissecção Expontânea de Coronária Associada a Gravidez

A Dissecção espontânea de coronária é uma causa incomum de síndrome coronariana aguda (SCA), permanecendo até hoje como uma das incógnitas da medicina.

É diagnosticada em 0,2 a 4% dos pacientes com SCA submetidos a angiografia invasiva. A Dissecção Expontânea de Coronária é o mecanismo mais comum de infarto associado a gravidez, ocorrendo em mais de 40% dos casos de Dissecção. Publicação recente (Circ Cardiovasc Interv. 2017;10) revisou os casos publicados na literatura médica entre os anos de 2000 a 2015 com o objetivo de definir com mais precisão as características clínicas, desfechos maternos e fetais e sugeririr recomendações terapêuticas.Foram encontrados 120 casos publicados onde 75% apresentaram IAM com elevação do segmento ST. A artéria descendente anterior estava envolvida em 72% dos casos, o tronco de coronária esquerda em 36% e 40% apresentaram acometimento multivascular. A fração de ejeção do ventrículo esquerdo foi menor que 40% em 44% dos casos.

A intervenção coronariana percutânea apresentou sucesso em apenas 50% dos casos. Cirurgia de revascularização do miocárdio foi realizada em 44 pacientes por apresentarem anatomia complexa, instabilidade hemodinâmica ou falha no tratamento percutâneo. As complicações maternas incluíram: choque cardiogênico (24%), suporte circulatório (28%), revascularização percutânea urgente (28%), CRM de urgência (27,5%), mortalidade materna (4%) e mortalidade fetal (2,5%). Durante do seguimento médio de 305±111 dias, houve um elevada incidência de sintomas por persistência ou nova dissecção coronariana e 5 mulheres necessitaram transplante cardíaco.

Os autores concluiram que a Dissecção espontânea de coronária associada a gravidez é comumente associada ao envolvimento da artéria descendente anterior e tronco de coronária esquerda, além de acometimento multivascular, o que leva a grande comprometimento muscular ventricular esquerdo e graves complicações maternas e fetais. A intervenção coronariana percutânea está associada a uma baixa taxa de sucesso e elevada incidência de complicações. Eventos isquêmicos recorrentes por persistência ou nova dissecção espontânea são comuns durante o seguimento.

Por ICTCor
em 5 de julho de 2022